Afinidade: viajar e a descoberta de compatibilidades de um casal
- Psicóloga Talyta Paitra (CRP 12/15580)
- 3 de nov. de 2017
- 3 min de leitura

Eli em psicoterapia falou sobre sua namorada: "ela ria pouco, vivia concentrada em sua dissertação em vez de sair e se divertir, parecia um tanto desanimada." Quando iam visitar a família de Eli, ela demorava até se sentir à vontade e se enturmar. Quando questionado sobre o que gostava nela, o mesmo dizia que ela era bonita e o sexo bom (aparência e sexo, na maioria dos casos se mostra não ser o suficiente para sustentar um relacionamento).
Então Eli se da conta de que ele e sua namorada não são compatíveis em seus modos de ser, os dois não combinavam. Eram agradáveis um com o outro e evitavam conflitos para agradar ao outro, mas eram bem diferentes. Meg Jay, autora do livro que nos conta a história desse casal, nos diz que "quanto mais semelhantes duas pessoas são, mais aptas estão a compreender uma à outra."
O casal resolve então viajar. Eli volta para a psicoterapia desanimado. O que aconteceu foi que durante a viagem, ambos se tornaram extremos do que já eram. Eli queria andar pela cidade e restaurantes e não queria se preocupar com gastos, enquanto que sua namorada queria fazer longas caminhadas até as ruínas e manter os gastos dentro do previsto. Eli ficou doente e precisou de ajuda, que a namorada aparentemente não soube dar. Passaram noites dormindo em camas separadas e o relacionamento terminou pouco após a viagem. Eli e a namorada precisavam de afinidades.
Ouvimos com frequência que os opostos se atraem, o que pode ser possível, principalmente quando se trata de sexo, mas, com mais frequência, a semelhança é a essência da compatibilidade.
"Encontrar alguém como você pode parecer fácil, mas existe um empecilho: não é qualquer semelhança que serve," afirma Meg Jay. As pessoas são ótimas em encontrar parceiros compatíveis em critérios mais óbvios como a idade e grau de instrução, que são fatores que as pessoas escolhem e consideram inegociáveis, o que impede de relacionar-se com pessoas com tais divergências, como o caso de tornar impeditivo o relacionamento com alguém que não compartilha a espiritualidade e senso de comunidade com você. "Pode ser que você não consiga se imaginar com alguém que não seja intelectualmente curioso, porque valoriza conversas enriquecedoras no relacionamento."
Um fator que é considerado conciliador e deve ser considerado é a personalidade. Pesquisas mostram que, especialmente em casais jovens, quanto mais semelhantes as personalidades de duas pessoas, maiores as chances de estarem satisfeitas com o relacionamento. A personalidade não consiste no que realizamos ou no que gostamos, mas em como somos no mundo, é a nossa parte que levamos para todo lugar em tudo o que fazemos.
A namorada de Eli reclamava que o mesmo "farreava" muito, quando na verdade, não farreava tanto assim, o que acontecia é que para ela, era muito, por ter uma personalidade mais retraída. "As vezes, a única coisa errada com a outra pessoa é que a personalidade dela combina pouco com a sua." Eli e a namorada foram impelidos a achar que eram compatíveis por terem pontos aparentemente em comum, foram se chocando com a personalidade do outro sempre esperando que o outro mudasse. Com frequência as pessoas se separam porque nada muda.
Bom, a história de Eli e sua namorada, nos mostra um ponto importante, quer conhecer melhor seu parceiro ou parceira? Viagem por alguns dias. Pois, viajar envolve planejamento, economia e inclusive, a presença constante do outro (basicamente uma amostra grátis do que você precisará fazer sempre ao ir morar com uma pessoa). Ao planejar e decidir juntos uma viagem, e em seguida vivenciá-la, já torna possível perceber algumas semelhanças e diferenças no jeito de ser e pensar, que tal fazer o teste?
A história de Eli foi retirada do Livro "A idade decisiva" da autora Meg Jay.
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