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Perdi o interesse sexual pelo meu marido

  • Psicóloga Talyta Paitra (CRP 12/15580)
  • 20 de set. de 2017
  • 4 min de leitura

Tem sido recorrente o relato de mulheres que afirmam ter perdido o desejo/interesse sexual pelo seus maridos e companheiros. Mas o que pode ter acontecido?

Bom, vamos lá!

Assim como manter a libido ativa e sentir o desejo sexual exige inúmeros investimentos, a perda da libido também costuma ser multifatorial, principalmente nas mulheres, podendo ter fatores físicos, psicológicos, sociais, entre outros. Cabe já aqui refletir qual o peso de cada coisa nos seus relacionamentos.

Devo começar alertando a importância de ter certeza de que não há nenhum fator orgânico interferindo no desejo. Como assim? Verificar se existe alguma alteração hormonal acontecendo, por exemplo, é um ponto essencial. Ainda, caso faça o uso de métodos contraceptivos que se utilizam de hormônios, esses, podem também alterar a libido, portanto, consulte seu (sua) ginecologista. Visto isso, sua saúde está ok do ponto de vista orgânico, então partimos para as questões psicológicas (que sofre diversas influências). Podemos nos atentar a períodos de muito estresse, ansiedade, transtornos mentais (depressão por exemplo), questões afetivas e emocionais (quais seus sentimentos e sensações além das sexuais por esse companheiro?), e ainda, questões sociais e econômicas que podem influenciar nos seus relacionamentos (trazendo por exemplo um alto nível de estresse - citado acima - que libera cortisol (um hormônio) e por consequência altera a ação dos outros hormônios que possibilitam a libido adequada para você).

Dentro dos fatores psicológicos, pessoas com algum tipo de transtorno mental podem necessitar do uso de alguns medicamentos para seu tratamento, esses, também podem ter como efeito colateral a queda da libido (em mulheres e em homens), mas não deixe de tomá-los por conta disso, seja franca com o (a) profissional que lhe acompanha e informe que isso está acontecendo e lhe incomodando, assim, poderão juntos ir adequando as doses ou o tipo de medicamento até que você fique satisfeito (a).

Se o problema não for a medicação, vamos então discorrer sobre outras questões psicológicas e relacionais envolvidas. Vem comigo!

Observe se realmente seu desejo diminuiu ou agora que você está se dando conta de que seu desejo sempre foi reduzido, pois, muitas mulheres só percebem muitos anos depois e as vezes só quando há algum tipo de queixa vinda do parceiro.

Um ponto que deve ser ressaltado, está relacionado com o nosso fator cultural/social ou religioso, que interfere no modo em que somos criados (as). O sexo tido ainda como um tabu, muitas mulheres no seu percurso de desenvolvimento pessoal foram coagidas por inúmeros discursos (vindos principalmente dos pais) que lhe impediam de conhecer o próprio corpo e de sentir prazer. Ainda seguindo os papéis sociais criados, muitas ouviram instruções de o que é ser uma mulher "mulher não pode sentar com as pernas abertas", "não pode falar alto", "precisa ser delicada", "não pode falar palavrão", entre outros. Uma mulher que ouve a vida toda esses comandos, vai se sentir a vontade de abrir as pernas se sempre lhe disseram que deve ficar com as pernas fechadas? Vai se sentir a vontade de falar palavras ousadas no ato sexual se sempre lhe disseram que é feio mulher falar assim? Veja, temos grandes contrações aqui e que influenciam na permissão que damos a nós mesmas (os) nos relacionamentos íntimos a atos sexuais. Ou seja, a forma em que fomos criadas (os), interfere no nosso comportamento diante do nosso desejo.

Outro fator que pode estar influenciando é o histórico de outros relacionamentos ou até mesmo histórico com o próprio parceiro. As experiências tidas com outros parceiros ou com o parceiro atual, caso tenham sido negativas e não elaboradas psiquicamente, podem vir a tona a qualquer momento e influenciar no desejo sexual. Por isso é tão importante elaborarmos os conflitos dos quais nos deparamos ao longo da vida, e, nada como uma psicoterapia para auxiliar nesse processo, sem julgamentos para falar de temas tão tabus mas tão essenciais. Ainda, o momento atual do casal ou da própria pessoa que apresenta a queixa, também influencia. Momentos de muita baixa-autoestima, insegurança com o próprio corpo, baixa autoconfiança ou grande autocobrança podem gerar rebaixamento da libido. Como também, muitas pessoas estão focadas ao extremo no trabalho por exemplo, utilizando-se do seu potencial somente para isso sem se dar conta. O mesmo pode acontecer no momento do casal conforme decidem ter filhos e a idade dos mesmos, pois, muitas mulheres esquecem de ser esposas quando se tornam mães, estão tão dedicadas aos filhos que não tiram um tempo para si mesmas. O mesmo pode acontecer com os homens na paternidade, mas vemos de um modo mais reduzido.

Por fim, um ponto não menos importante, é o parceiro e como é o relacionamento. O que você sente por esse parceiro além das questões sexuais? Seus sentimentos mudaram? Você o admira? Vocês são amigos além de companheiros? Você confia nele (a)? Há diálogo nesse relacionamento? Existe respeito? Há mulheres que são agredidas verbalmente o tempo todo pelos seus parceiros, sofrem manipulações e/ou ameaças, estão em relacionamentos abusivos e podem até sofrer agressões físicas. Nesses quadros, por incrível que pareça para algumas de nós, existem mulheres que perdem o desejo por esse parceiro, mas, não conseguem identificar que o problema está no relacionamento que paira sobre uma névoa de desrespeito e até mesmo de crimes não denunciados.

Além disso, quando tratamos do parceiro e do relacionamento em si, não podemos esquecer o fato de que relacionamentos íntimos necessitam sempre de novidades, o tédio pode bater a porta por conta da rotina. Então, não esqueça, surpreenda- (a/o) e mais, SE surpreenda.

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Talyta Laila Paitra

Psicóloga

CRP 06/97888

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